Uma mãe e seus pensamentos intrusos

Acredito que todo ser humano, por mais positivo e otimista que seja, tem um lado sombrio que sempre pensa que algo muito ruim pode acontecer. Esse potencial aumenta consideravelmente depois que esse ser humano se torna mãe. Mas antes de qualquer coisa, eu gostaria de acrescentar, em minha defesa, que eu sou zero dramática.

Dito isto, vamos à história. Semana passada meu filho Otto ficou doente (pela milésima vez no ano). Começou com uma febre alta – algo que é difícil acontecer, geralmente os problemas dele são respiratórios e já aprendi a lidar com eles quando acontece – mediquei, observei (palavra preferida dos pediatras) e mais tarde mandei mensagem para a pediatra dele, já que a febre não estava cessando.

Lembra que falei que não sou dramática, né? Mas depois de passar por uma experiência (um pouco traumática) de internação com o Otto, eu fiquei mais medrosa. Então, toda vez que começa essa situação de doença-vamos-ou-não-para-o-pronto-socorro, eu agora travo. Sempre prefiro tratar o máximo que der em casa.

Mas também fico sempre com aquela dúvida: e se eu não for e piorar? E se eu for, e o que ele tem não era nada grave, mas aí fica pior porque tem um monte de doenças no hospital? Mas se eu perder o timing de ir e Deus me livre o que pode acontecer? Eu me sinto um pouco naquele meme que mostra a mãe descendo a escada e pensando “se eu cair aqui com a criança no colo? E se eu engasgar e morrer e meu filho ficar com meu corpo até alguém chegar?” Sabe como é?

O problema é que nesse dia, meu marido ia sair para trabalhar à noite e eu fiquei com medo da coisa piorar e eu estar sozinha, de madrugada, tendo que ir para o PS com a criança. Nada da pediatra responder, então, partiu PS.

E aí é que a coisa fica engraçada. Agora né, porque na hora era rindo de nervoso. Do momento em que cogitamos ir ao hospital, até de fato sair de casa, começa um filme de terror na minha cabeça: o que ele pode ter? Será alguma doença horrível? E se ele ficar internado? Mas será que internariam ele? Então vou levar uma troca de roupa pra garantir. Ou não, vai que chama, né? Mas se eu for preparada, melhor, porque aí não acontece. Será que vou mesmo? E se não for e piorar?

Fomos. À medida que vamos chegando, vendo outras famílias lá, parece que começa a cair a ficha de que não é nenhum bicho de sete cabeças. Chega nossa vez, médico examina, não tem nada. “Algum vírus em estágio inicial, ele diz”. Garganta começando a ficar irritada. Passou as orientações e voltamos pra casa. A adrenalina baixou, aquele alívio bateu.

Só para contar o final da história, depois o tal vírus evoluiu para uma grande inflamação de garganta e ouvido. Muita inalação, antibiótico, antitérmico e uma semana em casa para resolver. Depois fiquei pensando e me achei ridícula, mas me vejo ainda nessas situações muitas vezes, e imagino que muitas mães também, por isso quis compartilhar para descontrair e para mostrar que estamos todas juntas nos pensamentos doidos e intrusos!

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