Quando soube do lançamento desse último romance de Carla Madeira fiquei bem interessada não só pela temática – a história gira em torno de uma mãe que abandona o filho no meio de uma avenida e vai embora – mas também porque gostei muito de Tudo é Rio, livro da autora que li no começo desse ano.

A narrativa criada pela autora é interessante, ela conta a história em dois tempos: primeiro o momento em que a personagem Vedina deixa o filho na rua, se arrepende, mas quando volta, o menino sumiu – e o curto período em que ela fica remoendo o desenrolar desse acontecimento; depois, conta a história de todos os personagens envolvidos desde a infância.

O livro alterna os capítulos entre esses dois tempos. Confesso que me agoniou um pouco os capítulos que narravam a cena do abandono porque pareciam chegar a lugar algum lá pelo meio do livro. Em contrapartida, isso ajudou a dar o ritmo da leitura, já que gerou curiosidade sobre o aconteceria em seguida no próximo capítulo.

Apesar desse forte tema central, a trama vai além e explora outros temas familiares como comparação entre irmãos gêmeos, mãe controladora, fanatismo religioso, alcoolismo, casamento sem amor, paixão pela mesma garota… São muitas camadas exploradas.

Na minha opinião, os personagens são bem desenhados e entrosados. O núcleo principal tem suas vidas narradas desde a infância, o que explica muito dos comportamentos e acontecimentos. Não sei se foi tão arrebatador quanto Tudo é Rio, mas sem dúvida, uma leitura válida. Gostei muito dessa frase, que explica bem o livro, mas também vale para os acontecimentos da vida:

“Não fossem todas as vésperas terem sido o que foram, nem eu nem o menino estaríamos ali. Não com a emoção que estávamos.”