Senti que a maternidade nos rouba um pouco de nós mesmas. Com a chegada do filho, deixamos um pouco de lado quem costumávamos ser para abrir espaço a uma nova pessoa, uma mãe que nasceu.
Ainda que se tenha uma super rede de apoio, é atrás da mãe que a criança vai no banheiro, naqueles (supostos) únicos momentinhos de paz, é a mãe que leva a criança junto em todos os compromissos quando não tem com deixar e é a mãe que normalmente passa a maior parte do tempo cuidando, brincando e amparando.
No meio dessa rotina, em dias mais intensos em que passo o tempo todinho com meu filho, tem hora que pareço não escutar meus próprios pensamentos, tamanha energia e atenção demandadas.
Outro dia dei uma saidinha rápida enquanto ele estava na escola: fui até o laboratório tirar sangue (programão). Entrei no carro, liguei o som alto, sentindo o vento no rosto, fui pensando na vida, nos meus sentimentos… E me dei conta: essa sou eu novamente. Curtindo um momentinho que seja da individualidade que eu tanto prezo.
A maternidade tem dessas coisas. Mas à vezes é bom voltar a enxergar algo que tínhamos, era tão comum e que talvez não tenhamos dado a devida importância. Para, então, agora perceber o privilégio que é viver esse momento, ainda que só por alguns instantes e se sentir grata por isso…