Pré-eclâmpsia e gravidez de risco

IMG_3319

Com 26 semanas, pouco antes de aparecerem os sintomas

Para quem não acompanhou nossa história desde o comecinho, resolvi vir contar um pouco sobre o que eu tive na gravidez que resultou no nascimento prematuro do Otto. A pré-eclâmpsia, que é a elevação da pressão arterial durante a gravidez, é mais comum do que imaginamos e também perigosa, muitas vezes colocando mãe e bebê em risco.

O que é?

Quando a grávida apresenta o seguinte quadro: pressão arterial elevada acima de 140/90 após a vigésima semana de gravidez, além de excesso de proteína na urina e edema (inchaço) causado pela retenção de líquido. A elevação da pressão pode continuar por até 12 semanas após o parto.

A pré-eclâmpsia não tratada corretamente pode acarretar sérias complicações para mãe e bebê. A hipertensão é responsável por 13,8% das mortes maternas no Brasil e é a principal causa de morte durante a gravidez no país, de acordo com o Ministério da Saúde.

Sintomas
  • Dor de cabeça, especialmente na nuca
  • Inchaço da face e/ou extremidades, como mãos e pés
  • Rápido ganho de peso, de 2 a 5 quilos em uma semana
  • Alterações da visão (visão turva, visão dupla, ver pontos de luz)
  • Urinar com menos frequência
  • Dor abdominal
  • Falta de ar
  • Náuseas e vômitos
  • Confusão
  • Convulsão
Como foi comigo

Minha gravidez foi bem tranquila e sem nenhuma intercorrência antes de descobrir a pré-eclâmpsia. Também não tinha nenhum dos fatores de risco, que são: idade avançada (acima de 35 anos), obesidade, tabagismo, entre outros. Minha pressão nunca foi alta, ao contrário, o meu normal é considerado bem baixo.

Fui viajar para fazer o enxoval quando estava com 24 semanas. Minha médica autorizou, não havia nenhum problema, estava tudo certo. Ficamos uma semana em Nova York e uma semana em Orlando. Enquanto estávamos em NY foi tudo bem; quando chegamos em Orlando, uns dois dias depois, comecei a me sentir mais inchada e uma dor chata de cabeça, na região da nuca, me incomodava muito. Associei à troca de hotel e ao novo travesseiro, achei que tivesse dormido de mal jeito e segui tomando Tylenol para dor.

Às vezes penso que, certa forma, foi bom não ter associado a alguma coisa mais grave de início, porque eu ficaria muito nervosa, e se acontecesse algo lá, em outro país, tão longe de casa, teria sido muito pior. Deus sabe o que faz!

A vida seguiu, a dor deu uma trégua, e fiquei até o final da viagem. Quando voltamos, me sentia muito cansada. No dia seguinte, mal estar, muito cansaço, e a tal da dor voltou. Aí deu o estalo de buscar no “dr. Google” o que era aquela dor na nuca. Entre outras coisas, apareceu a pressão alta. Na hora me lembrei sobre o ultrassom morfológico que, por conta das minhas veias uterinas, indicou a possibilidade de hipertensão . Mas indicava apenas uma probabilidade, e minha médica achou pouco provável, visto que estava correndo tudo bem e eu não tinha nenhum sinal de hipertensão.

Medi minha pressão e estava 14/9, se não me engano. Sem saber direito, falei com uma amiga e ela disse que estava um pouco alta, era melhor ir para o hospital. Era carnaval. Segunda à noite, fui para o hospital, entraram em contato com a minha médica, recebi medicação e fui pra casa. Dia seguinte, a mesma coisa, dessa vez com a recomendação de seguir tomando a medicação em casa. Quarta-feira de cinzas consegui falar com a minha obstetra, ela disse que meus exames estavam bons, mas a elevação da pressão era preocupante. Pediu para que eu fosse ao consultório no dia seguinte pela manhã.

Cheguei lá muito inchada (e não era só de chorar), meu peso havia aumentado significativamente em poucos dias. Conversamos bastante e ela cogitou me deixar de repouso absoluto em casa, mas disse que ficaria mais tranquila se eu me internasse. Coisa de uns quatro dias, ela disse, minha pressão estabilizaria e eu poderia voltar pra casa mais calma.

Nessa hora ela também falou duas coisas que me deixaram em choque: meu bebê seria prematuro e o nosso desafio agora seria mantê-lo o maior tempo possível na barriga, quanto mais, melhor. Também não poderia tentar parto normal, pois ela não poderia me submeter a tanta dor e correr o risco de minha pressão subir novamente.

Nesse mesmo dia, fui para o hospital. Estava com 26 semanas e 6 dias. Após quatro dias, minha pressão havia estabilizado e estava tudo bem comigo e com meu bebê. No dia da alta ela passou para me ver e disse que faria um ultrassom só para garantir que estava tudo bem com Otto. O exame mostrou que o fluxo do cordão umbilical estava alterado, não passando os nutrientes para o bebê e ele estava com restrição de crescimento. Outro baque.

IMG_4571
Aparelho de cardiotoco, que checa a frequência cardíaca fetal e das contrações uterinas; fazia diariamente

Não pude ter alta. Segui internada por mais 14 dias, fazendo ultrassom diariamente e exames de urina para checar a questão da proteína. Cada dia a mais que ele passava na minha barriga comemorávamos. Até o dia que não estava mais tão bem. A médica achou que não daria mais para esperar, faríamos a cesárea no dia seguinte. Quinta-feira, exatas duas semanas depois da minha internação. 28 semanas e 6 dias. Otto nasceu com 980g e 34,5cm.

Minha pressão nunca mais subiu depois do quarto dia de internação, mas segui com a medicação por mais uns dias ainda, não lembro exatamente quantos. Quando tive alta, media a pressão todos os dias pela manhã e à noite e mandava para a médica uma vez por semana para ela checar se estava tudo bem ou se havia alguma alteração importante. Felizmente, foi tudo bem, ela me liberou dos remédios e minha pressão seguiu boa. Foi uma intercorrência da gravidez mesmo. As causas são desconhecidas. Mas existe uma possibilidade de acontecer novamente em outra gravidez.

Os dados e informações médicas foram retirados do site Minha Vida, somados às informações obtidas com a minha médica durante a minha experiência. Tudo que narrei também foi a minha experiência particular, como forma de alerta para tantas mães que, assim como eu, podem passar por algo assim e não ter a menor noção do que está acontecendo e da gravidade da situação.

Se tiver alguma dúvida ou quiser deixar sua opinião, escreva aqui embaixo, na caixa de comentários!

3 respostas para “Pré-eclâmpsia e gravidez de risco”

Deixe uma resposta

%d